Algo sinistro vem por aí (Ray Bradbury)

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Outubro chegou e eu resolvi resenhar este livro que tem tudo a ver com o Halloween, e que carrega um clima de outono que vai agradar aqueles que gostam da estação. Se você curte essa vibe precisa ler Algo sinistro vem por aí, obra de Ray Bradbury escrita em 1962 e que carrega referências que com certeza inspiraram as obras do gênero que vieram após esse período. O livro acabou de ganhar esta nova edição pela editora Bertrand Brasil, e traz em sua aba uma sinopse assinada pelo autor de suspense brasileiro Raphael Montes.

algo sinistro vem por ai sinopse

SINOPSE: Um parque de diversões itinerante chega a uma pacata cidade do meio-oeste dos Estados Unidos. No entanto, sob tendas e luzes coloridas esconde-se algo ameaçador: um paraíso infernal. Envoltos pelas intrigantes atrações, os espectadores passam por transformações assustadoras que poderão mudar suas vidas de maneira diabólica.

Ávidos por aventura, os amigos de infância Jim Nightshade e William Halloway mergulham nesse curioso circo de horrores para descobrir o que há por trás das atrações. Após se depararem com uma caravana do mal, a dupla tem de desvendar o pesado custo dos desejos... e a fábrica dos seus piores pesadelos.


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É impossível falar desse livro sem falar das expectativas que criei por ele ser escrito pelo mesmo autor de Fahrenheit 451, uma das minhas distopias favoritas. Porém, quando li a sinopse, fiquei meio sem saber como o estilo do autor se encaixaria com a proposta do livro. Comecei então a leitura me sentindo bem curiosa para ver o resultado, e me surpreendi em vários aspectos.
O livro tem dois garotos como protagonistas: Jim e Will. Eles são vizinhos e amigos desde que se entendem por gente, e estão sempre juntos. A amizade deles me fez lembrar muito da dos garotos de Good Omens, e até mesmo de outras obras pop como It: a coisa e Stranger Things.
E assim vão eles, Jim correndo mais devagar para acompanhar Will, e Will correndo mais rápido para ficar ao lado de Jim. Jim quebrando duas janelas da casa mal-assombrada porque Will está com ele, e Will quebrando apenas uma, em vez de nenhuma, por que Jim está olhando. "Deus, como é que metemos os nossos dedos na cumbuca alheia. Isso se chama amizade, casa um bancando o oleiro para ver de que formas pode moldar o outro". p. 26
Admito que a leitura demorou a fluir. A escrita é um tanto intrincada, com muitas analogias, o que torna tudo um tanto maçante e, na minha opinião, até mesmo tira o encanto de alguns trechos da história. Porém, o elemento fantástico principal, que é o parque de diversões, deixa tudo mais interessante. Eu adorei as atrações, o labirinto de espelhos, e principalmente o carrossel. Quando a história do parque e a dos meninos se cruzam e as coisas sinistras começam a acontecer, a leitura engata rapidinho.

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O livro é dividido em três partes, que se conectam muito bem. É um livro sobre ser criança e também sobre ser adulto, sobre amadurecimento e, sobretudo, sobre as fases da vida. Nas três partes o autor faz reflexões sobre esses temas, e isso enriquece bastante o enredo.
O problema com Jim é que ele olhava para o mundo e não conseguia tirar os olhos dele. E, se você nunca desvia o olhar em toda a vida, quando se chega aos 13 anos é como se já tivessem se passado 20, apenas observando a sujeira do mundo."  p. 45
Um personagem chave nessa história é Charles, o pai de Will. Ele foi pai do garoto já depois dos 40, e se sente muito mal por essa escolha: diz que é velho demais, que não consegue compreender a juventude do menino. Eu, particularmente, gostei muito dele; principalmente por ele trabalhar numa biblioteca e sempre buscar refúgio nos livros. Ele é também um homem muito sábio e que aos poucos vai se tornando essencial para o desenvolvimento da história.
Então, aprenda uma coisa. Às vezes, o homem que parece ser o mais feliz da cidade, aquele com o maior sorriso, é o que carrega o maior fardo de pecados. Existem sorrisos e sorrisos, e é bom você aprender a distinguir os alegres dos sinistros. O falador, o sujeito que vive dando gargalhadas, metade do tempo está fingindo. Ele se divertiu e se sente culpado. Porque os homens adoram pecar, Will, ah, como gostam, não duvide, de todos os modos, formas, tamanhos, cores e cheiros. " p. 126

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Posso concluir dizendo que o enredo é bom, a proposta é boa, mas a execução desde livro me deixou um pouquinho decepcionada. Talvez por ter criado muitas expectativas, talvez por não ser tão legal mesmo. Mas acho que sim, o autor conseguiu escrever uma boa obra, um marco na escrita de suspenses, eu diria. Vale a pena conferir e recomendo muito este livro como leitura para o Halloween. 


ISBN: 978-85-286-2406-9
Editora: Bertrand Brasil
Nota: 3/5 ⭐

Esta leitura fez parte do projeto #EstanteZero


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