O longo adeus (Raymond Chandler)

Se você é fã de romances policiais, provavelmente já ouviu falar no Raymond Chandler. Este foi o meu segundo livro dele; o primeiro foi A dama do lago, que li há muitos anos em uma edição bem antiga. Lembro que foi um dos meus primeiros romances policiais, e acabou sendo o responsável por eu ter buscado ler outros livros do gênero. Desde então alguns títulos do Raymond Chandler foram parar na minha wishlist, e O longo adeus foi um deles.


Dentre as muitas obras do autor, algumas são protagonizadas pelo detetive Philip Marlowe. É o caso de O longo adeus, que é também a aventura mais famosa do personagem, sendo descrita inclusive como "um dos maiores romances da literatura americana de todos os tempos". A escrita de Chandler não é pautada apenas dentro do gênero policial: ele escreve o que chamam de policial noir, que ficou famoso nos EUA lá pela década de 50. 


SINOPSE


Terry Lennox poderia ter a vida ganha. Ex-veterano de guerra, casou-se com a milionária Sylvia Potter e não precisaria mais se preocupar com nada desde que fechasse os olhos para a devassidão escancarada da mulher. Ele, no entanto, se afunda na bebida. É assim que Philip Marlowe o encontra - caído, inconsciente -, e a partir daí ambos criam um estranho laço de amizade. Quando Lennox lhe pede para fugir do país em circunstâncias misteriosas, Marlowe aceita ajudá-lo, mas aos poucos se vê enredado a uma elite poderosa e desajustada de escritores alcoólatras e mulheres fatais, que fará de tudo para encobrir os próprios crimes. Publicado em 1953, O longo adeus é a obra mais ousada e desafiadora de Raymond Chandler. É, nas palavras de Ricardo Piglia, “talvez o melhor romance policial que já se escreveu”.

OPINIÃO


Essa é uma história com muitas nuances. Temos o detetive Philip Marlowe em uma fase reflexiva de sua vida, e personagens que entram nela para fazê-lo refletir ainda mais. No início do livro vemos o surgimento de uma amizade que mais parece um bromance, como dizem, entre Marlowe e Terry Lennox, um alcoólatra que aparenta carregar muitos segredos nas costas. Lennox leva Marlowe para uma realidade de Los Angeles que não lhe pertencia, e acaba o afundando em problemas que o detetive jamais imaginaria ter de enfrentar.

Há certos lugares onde policiais não são odiados, capitão. Mas nesses lugares o senhor não seria um policial." p. 51
Marlowe continua sendo um cara tão peculiar quanto eu me lembrava. Seus comentários sarcásticos são os melhores, e remetem muito à filmes policiais antigos - num tom não muito natural e por vezes ensaiado, porém marcante. Ele é o narrador da história e nos conta tudo sob uma perspectiva que nos faz achar sabermos o que ele está pensando quando na verdade a gente não sabe de nada.

A maioria das pessoas parra pela vida usando metade de sua energia, para proteger uma dignidade que nunca tiveram." p. 190
Demorei mais para ler este livro do que previa. Não sei se foi pela memória afetiva que eu tinha da outra obra do autor que li ou pelo hype deste livro, mas eu criei muitas expectativas (eu sei, esse é um grande defeito meu). Porém senti que a obra tem muita encheção de linguiça, e entrega menos do que promete. Alguns diálogos chegaram a ser difíceis de ler até o fim, pelo excesso de dramaticidade e a sensação de que aquilo não levaria a lugar nenhum.
Mas lá pelo final do livro a coisa vai ficando boa, e o autor conseguiu me surpreender. No geral, posso afirmar que gostei da obra, mas que poderia ser bem melhor se tivesse umas 100 páginas a menos.

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Se eu lerei outros livros do Raymond Chandler? Com certeza. Se eu acho que essa foi a melhor obra do autor? Não. A dama do lago me pareceu bem melhor (mas talvez seja apenas a memória afetiva falando mais alto novamente). Vamos ver o que a próxima obra do autor tem a me dizer.


ISBN: 978-85-254-1007-8
Editora: L&PM 
Nota: 3⭐

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