Resenha: O Conto da Aia (Margaret Atwood)

Neste ano, até então, li apenas 12 livros. Para alguns pode parecer muito, para outros, muito pouco. Para mim isso foi ótimo, por dois motivos: 1. Esse número era a minha meta de leituras para 2018, pois uma vez que este foi o meu último ano de faculdade, eu nunca conseguiria dar conta de ler mais do que um livro por mês 2. As leituras que fiz foram tão significativas, impactantes e transformadoras para mim, que sinto que estes livros valeram bem mais do que se eu tivesse livro 52 que não fossem tão marcantes. Dentre essas leituras, um dos livros que se destacou foi The Handmaid's Tale, traduzido para o Brasil como O Conto da Aia

livro o conto da aia

Apesar de sua primeira edição datar de 1985 e ter recebido boas críticas, The Handmaid's Tale se tornou um grande sucesso internacional apenas de um ano pra cá. Isso se deu por conta da adaptação para a TV feita pela HBO, com uma série que já está caminhando para a sua terceira temporada. Outro motivo para a história ter caído no gosto de muita gente está no fato de seu cenário distópico retratar uma realidade chocante que traduz muito dos acontecimentos recentes de nossa sociedade.
No livro conhecemos a República de Gilead (antigo EUA), onde a sociedade é organizada de uma maneira nada usual, porém não tão impossível aos olhos de quem enxerga os problemas que a nossa sociedade real enfrenta. Primeiro, tem-se os homens no poder político, econômico e mesmo cultural. As mulheres, apesar de terem papéis importantes nesta sociedade, são subjugadas o tempo inteiro, e divididas em algumas "castas": as esposas ocupam os melhores espaços, aos lados dos homens importantes o bastante para possuí-las; as marthas cuidam dos serviços domésticos, e são designadas às casas das famílias poderosas; as aias, que são protagonistas desta história, são responsáveis pela reprodução, funcionando como barrigas de aluguel para as famílias mais abastadas; as tias são instrutoras das aias, sendo responsáveis por seu treinamento e disciplina; e as mulheres que não servem para nada disso, são jogadas ao trabalho forçado em minas de material tóxico, sendo chamadas de não mulheres

Livro The Handmaids Tale

Se você ainda não conhece essa história, deve estar se perguntando o que motivou a criação desta sociedade. A resposta: a manutenção da espécie humana. Pelo menos foi esse o argumento utilizado por aqueles que a instauraram. Nessa distopia, as taxas de natalidade estavam se tornando cada vez menores devido ao alto índice de infertilidade e o uso de métodos contraceptivos, o que preocupava autoridades e inspirava seitas religiosas a pregar a ideia de que algo precisava ser feito. Utilizando uma interpretação distorcida da bíblia, foi-se convencendo mais e mais pessoas de que a solução para esse problema era obrigar as mulheres férteis a procriarem, fazendo com que elas entregassem os seus filhos a famílias abastadas o suficiente para criarem as crianças em boas condições. E assim, uma ideologia louca foi surgindo e transformando um país inteiro.
Vemos toda essa história sob o ponto de vista da June, uma aia que foi separada de sua família e designada para um lar extremamente conturbado, onde passa a ser chamada de Offred. Em meio à opressão desse Estado totalitário, ela luta para descobrir o paradeiro de seu marido e filha, tentando sobreviver num ambiente repleto de regras e tendo todos os seus passos observados. 

resenha the handmaids tale

Este livro me fez abrir os olhos para o poder que uma ideia tem. E a medida que uma ideia se propaga, mesmo que ela pareça louca, mesmo que ela seja rechaçada pela mídia e por autoridades, pessoas vão se convencendo de que essa ideia pode ser a solução para os seus problemas. Entretanto, quando uma ideia coloca os direitos de uns em detrimento do de outros, ela se torna uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento, sendo jogada de mão em mão até a sua explosão. 
Qualquer semelhança com o que vemos atualmente no Brasil e no mundo não é mera coincidência.

frade o conto da aia

Recomendo muito a leitura deste livro para quem se interessa por distopias e histórias que debatem problemas sociais. Também recomendo muito a série, que de certa forma se destaca mais do que o livro por expandir ainda mais as discussões que foram iniciadas pela Margaret Atwood em sua obra. Me tornei fã da autora, e já estou com outro livro dela na minha TBR - descubra qual é no meu book haul da black friday.
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ISBN: 85-325-2066-9
Editora: Rocco
Nota: 5/5

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